Fraturas por Estresse do Quadril
Houve uma época em que as fraturas por estresse do quadril ocorriam apenas em soldados, pois marchavam dia após dia com calçado inadequado e em um piso muito duro. Hoje esse tipo de fratura é mais comum em atletas, especialmente corredores de longas distâncias, como maratonistas.
Existem 2 tipos de fraturas de estresse.
A) Fraturas por insuficiência que ocorrem em ossos anormalmente frágeis submetidos a esforços normais.
B) Fraturas por fadiga que ocorrem em ossos normais submetidos a condições de força extrema. As fraturas por fadiga são causadas por atividade novas, extenuantes ou muito repetitivas como a marcha ou corridas de longa distância. No quadril a maior parte das fraturas é por fadiga. Esse é o tipo de fratura que será abordado.
O que é fratura por estresse do quadril? Onde ela ocorre?
Usualmente a fratura por estresse no quadril ocorre no colo do fêmur. Fica localizado logo abaixo da cabeça femoral, sendo a parte mais fina do osso da coxa. As fraturas por estresse são fraturas sem deslocamento e que iniciam muito discretamente, mas podem piorar e se transformar em uma fratura deslocada por completo. O colo é a região que mais concentra estresse do fêmur, mesmo em condições normais. Correndo, mais do que triplica o estresse sobre o colo femoral.
Podemos classificar as fraturas em estresse do quadril em 3 categorias.
Fraturas de compressão: ocorrem do lado interno do colo femoral.
Fraturas de tensão: ocorrem do lado externo do colo femoral e podem causar mais problemas do que o primeiro tipo.
Fraturas deslocadas: quando a "fissura" é completa e atinge todo o osso e ocorre perda do contato e do alinhamento ósseo.
Uma fratura por estresse deslocada é um problema muito sério, principalmente em adultos jovens, pois pode causar danos aos delicados vasos sanguíneos que nutrem a cabeça femoral. Quando esses vasos são danificados, pode ocorrer a necrose avascular da cabeça femoral, uma séria complicação deste tipo de fratura. Fraturas por estresse também podem ocorrer na diafise do fêmur, grande trocânter e na pelve, porém, são mais raras.
Causas
Porque eu tenho uma fratura de estresse no quadril?
Quando se provoca um estresse demasiado sobre o osso de forma repetida, uma fratura por estresse pode ocorrer. Imagine um clips de metal; quando se dobra o clips de forma repetida ele acaba por partir-se, esse é o princípio da fratura por estresse. Normalmente os ossos tem uma excelente adaptação ao estresse. Sendo uma estrutura viva, na medida que o osso detecta alterações médias de estresse ele se torna mais forte para reagir a esse estresse, é a chamada lei de WOLF. Porém, estresses repetidos, de forma muito frequente, podem superar a capacidade óssea de adaptação. Isso ocorre especialmente quando se começa uma atividade nova, extenuante e repetitiva como a corrida. As fraturas por fatiga (estresse) estão relacionadas com a quantidade do exercício e o quão rápido o indivíduo aumenta seu programa de exercício. Segundo estudos, o atleta que desenvolve a fratura de estresse está treinando há mais de 2 anos e 6 ou mais vezes por semana. A fratura por estresse está relacionada a um aumento em distância, frequência e intensidade do treinamento.
As mulheres tem 10 vezes mais chance de desenvolver fraturas por estresse. A razão não é clara, mas mudanças hormonais são a principal hipótese. Distúrbios de hábitos alimentares são mais comuns em mulheres e são outra causa de fraturas de estresse. A idade também é outro fator de risco, mesmo que o nível de atividade diminua com o passar do tempo.
Sintomas
O que uma pessoa com fratura de estresse no quadril sente?
A maioria das pessoas com fratura de estresse do quadril sentem dor na frente da virilha, com ou sem movimento. O repouso faz a dor melhorar. O paciente pode até mancar pela dor. Atividades mais intensas aumentam muito a dor, a ponto de obrigar o paciente a parar a atividade.
Diagnóstico
Como o médico identifica a fratura de estresse?
É provável que seja solicitado um exame de imagem como raio x, mas é muito comum que seja normal ou inconclusivo. Outros exames podem mostrar essas fraturas de forma antecipada como cintilografia óssea e ressonância nuclear magnética.
[caption id="attachment_1564" align="aligncenter" width="574"] Raio x demonstra fratura por estresse apontada pelas setas em vermelho.[/caption]
Tratamento
Como se trata uma fratura de estresse?
Tudo depende do tipo de fratura e do tipo do paciente.
Tratamento não cirúrgico
As fraturas do tipo compressivo podem ser tratadas de forma conservadora. Deve-se retirar parte do apoio da perna afetada, usando muletas se necessário e repousando de 4 a 6 semanas. A dor pode ser tratada com calor ou frio e analgésicos. Com cuidado, a fratura tende a consolidar (cicatrizar) por si só. Nem todos cirurgiões concordam em como tratar as fraturas por tensão. Se a fratura parece não ter risco de deslocamento, pode ser tratada de forma não cirúrgica, mas com mais cuidado. Mas, se existe qualquer sinal que a fratura possa deslocar, qualquer cirurgião irá recomendar cirurgia. Isso devido ao risco do deslocamento da fratura poder causar uma complicação mais séria como a necrose avascular (lesão dos vasos sanguíneos e colapso da cabeça femoral).
Cirurgia
Em qualquer paciente onde um exame de imagem demonstrar risco de deslocamento a cirurgia deverá ser feita. Em geral, a cirurgia envolve a fixação com parafusos metálicos através do colo femoral. Essa cirurgia é feita através de uma pequena incisão lateral do quadril com auxílio de uma máquina de raio x, que auxilia a colocar os parafusos na posição mais segura possível.
Quando a fratura apresenta um grande deslocamento, não há dúvida que o tratamento cirúrgico é necessário. Quando o paciente é jovem e ativo é indicado um procedimento preservador onde a fratura é fixada com parafusos especiais. Quando o paciente é mais idoso e menos ativos, muitas vezes, é melhor e de recuperação mais rápida a cirurgia de prótese total de quadril.
Atenção: As informações contidas no site expressam a opinião do autor. As opiniões não tem vínculo com nenhuma instituição. As informações aqui contidas não substituem a avaliação médica. O médico não pode realizar diagnóstico e tratamento a distância ou por e-mail. Consulte um médico sobre problemas pessoais específicos.