Leandro Guilheiro
Guilheiro deixa lesões no passado em busca da terceira
medalha olímpica
Com dois bronzes em Jogos no currículo, paulista chega a Londres como o número 1 dos meio-médios e 100% fisicamente, mas nega pressão pelo ouro.
Aos 21 anos, o terceiro lugar nas Olimpíadas de Atenas-2004. Aos 25, novo bronze, dessa vez nos Jogos de Pequim-2008. Dono de duas medalhas olímpicas, o paulista Leandro Guilheiro chega a Londres como o número 1 do mundo dos meio-médios (81kg) e carrega o fardo de ser o favorito ao ouro. Mas ao contrário dos outros anos, o judoca comemora um ciclo sem lesões. E de lesões Guilheiro entende. Contando apenas as mais sérias, foram seis no período de praparação para os dois últimos Jogos.
Em plena forma aos 28 anos, Leandro prefere deixar para trás seu histórico médico e trabalhar para que as lesões não se repitam. Por estar 100% fisicamente, acumula mais um motivo para ser visto como candidato ao pódio na Inglaterra. No entanto, ele prefere não dar atenção à pressão pela conquista de uma terceira medalha olímpica.
- Nos dois últimos ciclos olímpicos fraturei o punho esquerdo, tive uma lesão no quadril, uma em cada ombro, um problema no menisco do joelho direito e uma hérnia de disco. Mas isso é passado, já foi. Não tenho medo. Só penso na prevenção das lesões. Não é uma coisa que eu fique pensando toda hora e que me preocupe. Sempre fui muito determinado, meu limite não existe - contou o judoca do Pinheiros.
Adversários e "cara no cangote"
No último fim de semana, Leandro acompanhou de perto o Grand Slam do Rio, em Niterói, e viu Victor Penalber ser campeão em sua categoria, derrotando o americano Travis Stevens. Mas ele garante que a concorrência - dentro e fora do país - não o incomoda e não o faz mudar seus treinamentos. Enquanto muitos atletas funcionam melhor sob pressão, o paulista com jeito de bom moço revela que, com ele, as coisas são diferentes. O campeão mundial júnior de 2002 não precisa de alguém brigando diretamente com ele por uma vaga para treinar mais forte e se superar. Ele mesmo faz esse papel:
- Tenho atenção com todos os adversários. Nas Olimpíadas, a chave tem 32 atletas. Então, todos os 31 precisam de atenção. Tento me preparar da melhor forma possível para evoluir em vários aspectos e crescer um pouco mais a cada dia. Tem muita gente que precisa de um cara no cangote. Eu não. O cara no meu cangote é meu espelho. Quero sempre me vencer diariamente.
Treinamento: Japão e pré-Olimpíadas
A pouco mais de um mês das Olimpíadas, Guilheiro tem a consciência que será o homem a ser batido na categoria meio-médio em Londres. Os olhos dos rivais de todo o mundo estarão voltados para ele. E ele sabe disso. Tanto que procura treinar com lutadores que tenham características diferentes e busca sempre mudar sua forma de lutar, já que sabe que está sendo estudado pelos adversários.
De maio para junho, a seleção brasileira masculina ficou três semanas treinando no Japão, inclusive com a equipe olímpica japonesa que estará nos Jogos. Guilheiro avaliou os treinos e tentou tirar algumas lições. - Foi bem cansativo, mas valeu para fortalecer a competitividade, reencontrar o judô e dar força na pegada. O diferente do treinamento com os japoneses é o fundamento. Eles sabem andar no tatame, sabem se posicionar da melhor forma. Aí, na marra você não consegue derrubar. De olho nas Olimpíadas, mais do que afinar a técnica, a preocupação é descansar nessa reta final de preparação. Leandro Guilheiro quer fazer tudo certo para voltar de Londres com sua terceira medalha olímpica - e que de preferência seja de ouro. - Agora, tenho que ter mais atenção nos intervalos entre os treinos. Treino, descanso, treino, descanso... Os treinos finais são mais de exaustão, procurando explorar ao máximo a resistência física. Por isso vou precisar descansar bastante - finalizou.
Fonte: Globo Esporte