Cascata

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Em recuperação, Cascata espera antecipar volta aos

gramados

Após quase seis meses no departamento médico do Náutico, meio-campo pretende ficar à disposição
do técnico Alexandre Gallo ainda este mês 
 

Após quase seis meses longe dos gramados, recuperando-se de uma grave lesão no joelho, Cascata trabalha duro para que no final do mês esteja apto para voltar ao campo e ajudar o Náutico na campanha da Série A do Brasileirão. O atleta rompeu os ligamentos do joelho ainda no início do Campeonato Pernambucano e ansiedade não falta. As sessões de fisioterapia já surtem efeito e Cascata deu os primeiros sinais da recuperação semana passada, quando apareceu nos treinos comandados por Alexandre Gallo. A princípio, o atleta ensaiou alguns trotes ao redor do campo do centro de treinamento timbu. A evolução, porém, permitiu ao atleta correr com mais velocidade. Os colegas de clube acompanham a reocupação do meio-campo com bastante alegria.

- Um dia desses eu estava comentando com o Kim sobre minha evolução. Antes eu mal conseguia trotar, hoje eu já corro com os colegas. Todo mundo está contente por me ver treinando novamente. Mas eu continuo respeitando o andamento da recuperação, um passo de cada vez. De acordo com os médicos eu apresento um nível muito bom de condicionamento físico e isso para mim é gratificante.

Confiante, Cascata acredita que o prazo dado pelos médicos de voltar a estrear em agosto pode ser adiantado para julho.

- Eu sempre converso com os médicos, doutor Romeu (Krause), que foi maravilhoso durante a cirurgia, confirma que a previsão para eu ter ritmo de jogo é agosto, mas eu vou trabalhar para que isso ocorra no final deste mês. Estou focado nesse retorno e não posso relaxar senão o prazo pode se estender para setembro, por exemplo. Então meu pensamento é voltar em julho e ficar à disposição do professor, brigando por uma posição dentro da equipe ou pelo menos entre os relacionados.

Cascata rompeu os ligamentos cruzados do joelho direito na sétima rodada do Pernambucano, no clássico contra o Santa Cruz, no dia 4 de fevereiro. O jogador contou que nunca havia se machucado de uma forma tão drástica e que nunca tinha sentido uma dor tão forte quanto essa. Durante o tratamento, o meio-campo ficou ausente de qualquer atividade física e a rotina se restringiu ao percurso de casa para o departamento médico do clube.

- Eu me machuquei no dia 4 de fevereiro e comecei a fisioterapia já no dia 17. Esta e uma experiência nova, nunca tive uma lesão grave, apenas alguns machucados, mas nada tão complicado como aconteceu desta vez. Eu acredito que tudo acontece com um propósito e eu estou aprendendo bastante com isso - revelou o jogador.

Da lesão ao aprendizado, Cascata sente certo incômodo por estar longe dos gramados, afinal o jogador está acostumado ao dia a dia frenético de treinos e jogos - das 38 rodadas do Brasileirão 2011 ele só ficou fora de duas partidas. Por outro lado, ele admite com certo pesar que "tudo na vida tem o lado bom", mesmo que este esteja acompanhado por uma decepção que será lembrada por toda vida. No caso do jogador, a lesão e a cirurgia renderam um período cheio de reflexões.

- Eu comecei a valorizar meus amigos de verdade, minha esposa, meus filhos e a minha família, que sempre esteve ao meu lado. Percebi que quando você está bem as pessoas estão ao seu lado, mas quando você passa por dificuldades só as pessoas que realmente se importam com você é que vão permanecer te ajudando. Por exemplo, no início do ano eu comecei muito bem e várias pessoas me ligavam com propostas, mas quando eu lesionei o joelho só uma pessoa me ligou, fez uma proposta e eu respondi que estou muito bem no Náutico. Então quando esse tipo de coisa acontece comigo eu me dou conta de quem eu realmente preciso valorizar. Infelizmente o amadurecimento pessoal e profissional aconteceu em decorrência de um machucado grave. O sufoco de passar 40 dias andando de muleta foi lembrado com emoção.

- O primeiro mês foi o mais difícil de todos porque eu tinha que pedir ajuda para fazer qualquer coisa, tomar banho, comer, ir para o departamento médico, sempre tinha que ter alguém para cuidar de mim. Eu nunca gostei de ficar de fora do time, principalmente quando o time está passando por um bom momento. Aí você cai no departamento médico. O bom é que eu coloquei na cabeça que posso voltar ainda melhor e eu estou trabalhando para isso acontecer.

Se a simpatia e o jeitão boa-praça de Cascata conseguiu conquistar todo mundo no Náutico, imagina quando esse carinho se transfere para a família. O jogador até tenta esconder, mas não consegue e confessa, com orgulho, que está rodeado pelas melhores pessoas do mundo: a esposa e os três filhos Carlos Davi (13), Breno Wallace (15) e Bárbara Sofia (1 ano e 10 meses).

- E querendo ou não, a gente sempre enxerga o lado bom e eu tenho uma filha bebê. Com a lesão eu posso participar bastante do crescimento dela e se eu tivesse jogando, viajaria bastante e não poderia acompanhá-la como pude nesse período de recuperação. Aprendi a valorizar isso também. Estou muito feliz no Náutico, a diretoria me deu um suporte muito grande e toda comissão técnica e departamento médico.

Como não poderia ser diferente, a caçula do atleta é alvo de elogios rasgados. Cascata contou que diferente do que aconteceu com a infância dos outros filhos, com Barbara Sofia ele acompanha a pequena bem de perto.

- Eu não tive a oportunidade de participar da infância deles. Um mora na Bahia e o outro mora comigo, mas quando veio morar comigo já tinha sete anos, então querendo ou não eu fui um pai ausente. Com ela não. A gente desejou tanto uma menina e ela veio do jeitinho que queríamos. O fato de eu chegar em casa e ela já vir me abraçar e me chamar de amor - porque minha esposa me chama de amor - é maravilhoso. Eu sempre brinco com ela, monto os brinquedos, ela desmonta. Essa fase é muito gostosa e para mim, em particular, é fundamental poder participar do crescimento dela.

Fonte: Expresso MT